Escolha do sexo: importância científica ou dilema ético?
26/01/2007 - Eliana Camejo
Há quase 30 anos, com o nascimento do 1º bebê de proveta do mundo, casais com problemas de fertilidade podem recorrer a técnicas de fertilização assistida para realizar o sonho de ter um filho. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, mais de 6 mil tentativas de fertilização in vitro são feitas por ano, algumas delas usando recursos como o congelamento de óvulos, por exemplo. Mas até onde a ciência trabalha sem esbarrar em seus princípios éticos?
Uma das polêmicas relativas à reprodução é a escolha do sexo do bebê. Apesar de não haver uma proibição legal para essa prática no país, o Conselho Federal de Medicina não recomenda a chamada sexagem. “Esta polêmica é mais de ordem ética e religiosa do que propriamente científica, pois tecnicamente a ciência não tem mais problemas para poder realizá-la. Sabe-se, também, que essas técnicas não trazem complicações para os bebês, pois são absolutamente saudáveis”, explica o médico Nilo Frantz, especialista em reprodução humana. De acordo com ele, o emprego da sexagem é compreensível diante de famílias que já tenham dois ou mais filhos de um mesmo sexo e buscam uma nova gravidez com um sexo diferente. “No meu ver, eles buscam a harmonia amorosa da família, antes de tudo. Isso significa saúde, e não doença”, afirma.
Segundo Frantz, o Conselho Federal de Medicina só recomenda a sexagem no Brasil para casais portadores de doenças autossômicas recessivas que atingem o sexo masculino, como a hemofilia, a miodistrofia de Duchenne, além de outras. Nesses casos, a determinação do sexo é feita com a retirada de uma célula do pré-embrião, quando ele atinge o desenvolvimento de 8 células. Mediante a utilização de um micro-feixe de Laser, abre-se a camada externa, retirando-se um metâmero (célula). Esta é examinada sob o ponto de vista genético, determinando se a doença está presente ou não. Basta pesquisar a presença do cromossoma Y ou X para se saber o sexo do futuro bebê.