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Sessão de autógrafos do médico e escritor reuniu imprensa, leitores e amigos nessa terça-feira (7), no RecSul, bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre

 

 

O médico e escritor Nilson Luiz May lançou na noite dessa terça-feira, no RecSul, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, seu mais novo livro: Misterioso Caso na Repartição Pública. Conforme define o jornalista Juremir Machado da Silva no prefácio da publicação, o veterano escritor leva os seus personagens do cômico ao trágico, da ternura ao espanto e faz o leitor se sentir um desses personagens.
 
 
“É uma obra muito interessante, que lida com as coisas muito próximas de todo mundo: trabalho (numa repartição pública), mistérios, intrigas, fofocas, burocracias, jogos de poder – tudo aquilo que toca a vida da gente; o cotidiano. Foi bem legal fazer o prefácio, porque eu gosto do Dr. Nilson May, que como médico conhece o corpo e alma dos homens, e fez um livro que realmente vai interessar a todo mundo, que investiga, coloca todos sob suspeita e envolve um mistério grande”, contou Juremir Machado da Silva durante a sessão de autógrafos.
 
 
O misterioso caso se passa na Porto Alegre de 1968, ano do Ato Institucional 5 (AI-5), que deu início aos que foram considerados anos de chumbo da ditadura. Ações misteriosas acontecem nos corredores de uma repartição pública de elite e as suspeitas recaem sobre toda a equipe.
 
 
“Minha pesquisa sobre o livro foi feita na década de 1980 a 90. Fiz um pano de fundo real – daí complica, tens que pesquisar. Ele está exatamente no ano de 1968, mais precisamente de 1° de abril de 68 a 1° de abril de 69, que foi um período muito conturbado. Zuenir Ventura, por exemplo, diz assim: 1968 – o ano que ainda não terminou, porque lá teve o Ato Institucional n° 5, todas as questões do governo Costa e Silva, questões políticas, então eu fiz esse ambiente nesse período. O livro tem partes em 1ª pessoa e partes no impessoal. Ele começa com um narrador no dia 1° de abril de 1968 e a frase: ‘No Brasil existem 364 dias destinados a enganar os tolos e em um só dia por ano que se comemora isso’. O cenário é uma repartição pública, na época, muito confusa, muita burocracia lá dentro, com documentos, papéis etc. Eles formam uma repartição pública de elite, que era para desburocratizar. A partir daí, coisas misteriosas, que não estavam previstas, começam a acontecer... coisas escritas nos banheiros, situações entre os funcionários – a obra trata disso: é uma ironia, é uma repartição pública que era para ser de sucesso, atingir a desburocratização, mas... ao final, no dia 1° de abril de 1969, quando termina o livro, as coisas não andam tão bem como começaram”, relatou Nilson May, deixando o gostinho de curiosidade no leitor, que deve adquirir um exemplar para descobrir todos esses mistérios.
 
 
“Trabalhei durante muitos anos como funcionário, médico, dirigente do INAMPS na época. Recebia todos esses papéis e documentos de chefe de setor, aquela papelada toda em volta; aquilo foi me dando essa idéia: preciso ironizar isso, destruir essa imagem. Fui juntando situações e criei um ambiente em cima disso”, explicou o autor.
 
 
May tem a literatura como seu segundo ofício. Estudioso e crítico, já foi premiado no concurso Apesul-Revelação Literária (1980). É autor de contos e crônicas publicadas em 11 antologias, além dos romances Terra da Boa Esperança e Céus de Pindorama. Ele ocupa ainda a cadeira de número 7 da Academia Sul Rio-Grandense de Medicina.

Autor: Correio do Povo e Renata Appel
Fonte: Correio do Povo e Consumidor RS

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