|
Resultados do projeto UTI Visitas foram publicados no Jornal da Associação de Medicina Americana (JAMA), um dos periódicos científicos mais importantes do mundo Por muito tempo, a restrição do contato entre o paciente grave e seu mundo afetivo foi considerado um preço a ser pago por uma assistência hospitalar mais organizada e com menores riscos de piora no estado de saúde. Contudo, o projeto UTI Visitas – conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre/RS – demonstrou justamente o contrário. Em parceria com o Ministério da Saúde, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), o estudo identificou que a maior permanência dos familiares ao lado dos pacientes é, além de segura, uma importante ferramenta que auxilia no tratamento. As conclusões obtidas pelo estudo UTI Visitas – Efeitos da Visita Familiar Flexibilizada em Unidades de Terapia Intensiva Adulto foram tão significativos que alcançaram reconhecimento internacional. Um dos periódicos científicos mais tradicionais e relevantes do mundo, o Jornal da Associação Americana de Medicina (JAMA) publicou os resultados do projeto. “Agora podemos afirmar com todo o rigor científico algo que o instinto de proximidade e fortalecimento dos laços afetivos em momentos difíceis já nos dizia. A visita familiar na UTI é segura e boa para pacientes e familiares”, comemora o médico intensivista Regis Goulart Rosa, líder e responsável técnico do UTI Visitas. Para ele, o projeto contribuirá para o debate baseado em evidência a respeito das políticas de visitação, podendo influenciar a prática assistencial em UTIs ao redor do mundo. Efeitos da visita ampliada A partir de 36 UTIs adulto de hospitais públicos e filantrópicos brasileiros, o estudo avaliou a eficácia e a segurança de um modelo de visita familiar flexibilizada para até 12 horas por dia. A iniciativa foi comparada com o modelo usual restritivo de visitação adotado anteriormente nas mesmas unidades, onde a média de tempo permitido era de uma hora e meia. A primeira constatação positiva foi a alta adesão das UTIs aos processos mínimos do modelo de visita ampliada. O acréscimo do tempo de permanência dos familiares para uma média de cinco horas diárias demonstrou que é possível a adoção da prática em todo o sistema de saúde. Com a maior presença de familiares junto aos pacientes, o risco de eventos indesejáveis não aumentou. “Não houve diferença entre a visita flexibilizada e a visita restritiva quanto à ocorrência de infecções nos pacientes, desorganização dos cuidados assistenciais, conflitos entre visitantes e profissionais de saúde ou ocorrência de burnout (uma forma de estresse ocupacional) entre os profissionais de UTI”, afirma o líder do projeto. A pesquisa também desmistificou a percepção de desorganização dos cuidados, argumento tradicionalmente utilizado para restringir as visitas. Estatísticas coletadas em diversas instituições demonstram que familiares de pacientes críticos apresentam níveis elevados de estresse, ansiedade e depressão. E que cerca de 30% dos casos acabam desenvolvendo os transtornos após a alta hospitalar. Graças ao modelo de visita flexibilizada, a ocorrência dos sintomas foi reduzida pela metade, gerando maior satisfação da família em relação aos cuidados e ao suporte emocional prestado pela equipe médica. “O estudo UTI Visitas concluiu que passar mais tempo com o paciente internado é um remédio potente, barato e sem efeitos adversos capaz de proteger a saúde mental dos familiares”, destaca Rosa. Hospitais participantes No total, foram avaliados 1685 pacientes, 1060 familiares e 737 profissionais de 36 UTIs representativas das cinco regiões do Brasil. Integraram o estudo os seguintes hospitais: • Hospital de Urgências de Goiânia (GO) • Hospital Geral de Nova Iguaçu (RJ) • Hospital Santa Cruz (RS) • Hospital Montenegro (RS) • Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) • Hospital Ana Nery (RS) • Hospital Tacchini (RS) • Hospitais do Complexo Hospitalar da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS): Pavilhão Pereira Filho, Santa Rita, Dom Vicente Scherer (RS) • Hospital Mãe de Deus (RS) • Fundação de Saúde Pública São Camilo de Esteio (RS) • Hospital Nossa Senhora da Conceição (RS) • Hospital da Cidade de Passo Fundo (RS) • Hospital Universitário do Oeste do Paraná (PR) • Hospital do Câncer de Cascavel UOPECCAN (PR) • Hospital Dona Helena (SC) • Hospital das Clínicas da UFMG (MG) • Santa Casa de Misericórdia de São João Del Rei (MG) • Hospital Regional do Baixo Amazonas (PA) • Hospital Geral Cleriston Andrade (BA) • Instituto Nobre de Cardiologia Incardio (BA) • Hospital Universitário Alcides Carneiro UFCG (PB) • Hospital Alberto Urquiza Wanderley (PB) • Hospital Universitário Lauro Wanderlei UFPB (PB) • Hospital Universitário da UFPI (PI) • Hospital Agamenon Magalhães (PE) • Hospital Universitário de Petrolina – Universidade Federal do Vale do São Francisco (PE) • Hospital Geral de Clínicas de Rio Branco (AC) • Hospital do Coração HCor (SP) • Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto FAEPA (SP) • Hospital Regional Dr. Deoclecio Marques de Lucena (RN) • Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (RN) • Fundação Hospital Adriano Jorge (AM) • Hospital Geral do Estado Dr. Oswaldo Brandão Vilela (AL) Autor: Redação Fonte: Moinhos Critério |