Imprimir
 

Artigo de Vitor Augusto Koch Presidente da FCDL-RS

Quem viaja para exterior normalmente percebe que o preço da alimentação é mais barato.

A revista The Economist mede há vários anos esta questão através do índice Big Mac, que nada mais é do que comparar o preço deste sanduíche do McDonald's em vários países.

Em janeiro de 2017 o preço do lanche foi pesquisado em 56 nações. E não se pode dizer que seja surpresa o Brasil ter ficado na quinta colocação dentre os mais caros. Mesmo assim, não existe motivo razoável para que isto aconteça.

A receita do Big Mac não é segredo: as quantidades de cada ingrediente seguem rigorosamente um padrão único.

Mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores globais de carne, laticínios e vegetais, o sanduíche em questão custa em nosso país US$ 5,12, enquanto na Austrália o preço é de US$ 4,28; na Alemanha US$ 3,97; na Coréia do Sul, US$ 3,68; no Chile, US$3,64; na China, US$2,83; e na Índia, US$2,49.

Ainda, a culpa não é dos salários, já que em média o funcionário da lanchonete ganha muito mais na Austrália, Alemanha e Coréia do Sul.

Em nosso país podemos perceber que vinho, roupas, produtos eletrônicos e várias outras mercadorias são estranhamente mais caras se produzidas pela indústria nacional.

A elevada carga tributária e as deficiências de infraestrutura explicam uma parte do problema.

No entanto, a grande distorção da situação está na maneira como as autoridades brasileiras tratam a relação entre o valor da nossa moeda e a dos demais países do mundo.

Veja que China, Índia, Coreia do Sul e os outros países citados anteriormente são importantes exportadores globais e têm suas moedas desvalorizadas para conseguirem mais competitividade no mercado internacional.

Pelo lado brasileiro, acontece exatamente o contrário. O Real vale muito mais do que deveria e isso acaba dificultando nossas exportações e facilitando as importações.

Por conta disto, a maior parte das indústrias do vestuário encerraram suas atividades por não terem condições de concorrer com os produtos vindos do exterior.

Isto gera como consequência o sucateamento da indústria nacional, significando a perda de milhões de empregos.
E o motivo do Banco Central de interferir de maneira tão prejudicial no câmbio é simplesmente para financiar e refinanciar a dívida pública.

Fácil de entender: atrair capital estrangeiro para comprar títulos da dívida federal significa oferecer juros elevados e garantia de ganhos financeiros. Por conta disso é que o Brasil ainda convive, a despeito dos avanços recentes, com uma SELIC de dois dígitos.

Pior que isto é a sustentação da taxa de câmbio em patamares irreais.

Por exemplo, caso o Real se desvalorize em 10%, os investidores estrangeiros perderiam nesta proporção na hora de resgatar sua aplicação financeira e convertê-la novamente na moeda do seu país.

Existe a opção de seguro cambial. Porém aí o prejuízo seria do próprio Banco Central.

De fato, uma forma de mascarar a ineficiência da gestão pública do país, transferindo o custo disto para a sociedade.

O Rio Grande do Sul, sendo um Estado com forte base exportadora é um dos mais prejudicados por esta política distorcida.

A crise da indústria na Serra Gaúcha, no Vale dos Sinos e do Paranhana, dentre outros locais, é consequência direta do que descrevemos.

Este é um dos pontos de transformação que a comunidade empresarial deve pressionar o governo federal e suas autoridades econômicas.

Desenvolvimento se constrói com eficiência e condições realistas de mercado.

No caso, podemos até dizer que nosso câmbio está quebrado.

Vitor Augusto Koch, Presidente FCDL-RS


Autor: O mesmo
Fonte: Vitor Augusto Koch

Imprimir