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Pastores em cana
   
     
 


22/06/2022

Pastores em cana
Artigo do Pr Weslei Odair Orlandi

Milton Ribeiro é um pastor presbiteriano, teólogo, advogado e professor cuja função de Ministro da Educação entre julho de 2020 e março de 2022 pode ter se tornado seu pior pesadelo. Depois de tudo é possível que ele seja declarado inocente? Sim. É pouco provável, mas existe, bem ao longe, uma chance. Segundo a Constituição Brasileira, artigo 5º, inciso LVII, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, isto é, todos são inocentes até que se prove o contrário.

Na Bíblia há muitos casos semelhantes em que homens inocentes foram parar na cadeia por conta da injustiça e da mentira. José foi um desses injustiçados, mas também poderíamos falar de Jeremias, de Daniel, de Pedro, Paulo, João e até mesmo do próprio Jesus. Ser acusado falsamente não é nenhuma novidade. Mesmo assim, nesse momento, é bom que façamos uma pausa para pensar em alguns pontos e estabelecer algumas diferenças.

O primeiro deles é sobre a participação da igreja e dos pastores na política. Até que ponto pastores (vejam que não me refiro aqui aos cristãos em geral) devem “se embaraçar com os negócios desta vida?” deixando a missão de Deus para a qual foram chamados para pedir voto e cuidar de assuntos seculares ainda que em favor dos interesses da igreja?

O segundo ponto é sobre a integridade moral dos evangélicos na política. Até que ponto “a justiça [deles] está excedendo em muito a dos escribas e fariseus [e sem a qual] jamais entrarão no Reino dos céus?” (Mateus 5.20)

O terceiro é o da influência positiva (ou negativa) que temos causado no ambiente político. Quanto da política mudou para melhor com a chegada dos evangélicos ao poder? Se há algo que Brasília (e demais capitais) precisa hoje é de “sal”, porém, “se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”, (Mateus 5.13)

O quarto e último ponto são as razões porque nossos representantes estão sendo acusados e presos. Voltando aos nomes bíblicos que citei a pouco é bom lembrar que nenhum deles foi acusado de corrupção ativa ou passiva, tráfico de influência, favorecimento de amigos ou lobby nos corredores do poder. José foi preso porque não quis se deitar com a mulher de Potifar. Daniel foi jogado na cova porque entendeu que não orar era mais perigoso que enfrentar as garras dos leões. Jeremias, foi preso por dizer a verdade, Paulo e Pedro por pregarem o Evangelho e Jesus por ser a luz que a tudo iluminava, (João 3.19-21).

Hoje, ao saber da prisão do Pastor Milton Ribeiro e do Pastor Gilmar Santos algumas lembranças me vieram à mente.

Lembrei que na China e outros países perseguidores da Igreja pastores também são levados quase que diariamente à prisão, mas por motivos bem mais nobres – por serem mensageiros de Deus; por amarem a Cristo; por não negarem seu nome.

Lembrei do discurso de despedida do velho profeta Samuel cujas palavras foram “o meu procedimento esteve diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje. Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o Senhor e perante o seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem oprimi? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? Mais importante que o discurso foi a resposta do povo: “Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma das mãos de ninguém”, (1 Samuel 12.1-4).

Lembrei de Neemias que sem medo, diante da congregação, disse as seguintes palavras: “Desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá, desde o vigésimo ano até ao trigésimo segundo ano do rei [...] nem eu nem meus irmãos comemos o pão devido ao governador [...] eu assim não fiz, por causa do temor de Deus. (Neemias 5.14-15).

Por fim, e principalmente, lembrei das palavras do apóstolo Pedro: “Se pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes glorifique a Deus com esse nome”, 1 Pedro 4.14-16.

Sofrer como cristão. Isso é o que falta aos pastores tupiniquins. Sinto que estamos sofrendo por omissão, por ambição, por corrupção..., mas, por ser cristão? Penso que não!

Espero com avidez (e boa dose de ceticismo) a declaração de inocência dos “nobres” colegas. Se não puderem fazer isso, que sejam punidos. Quanto aos demais (dentre os quais eu), que aprendamos a lição (ainda que tardiamente) que “melhor é o que [...] domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade” (Provérbios 16.32) e que “mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado [...] do que a prata e o ouro” (Provérbios 22.1).

Pr Weslei Odair Orlandi

Em um dia triste para a classe pastoral – 22/06/22

Fonte: Pr Weslei Odair Orlandi
Autor: O autor
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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