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FIRS reúne comunidade judaica e negra para discutir o papel do esporte no respeito às diferenças
   
     
 


27/11/2019

FIRS reúne comunidade judaica e negra para discutir o papel do esporte no respeito às diferenças
Evento gratuito foi promovido na sede da Federação, na noite desta terça-feira, 26 de novembro

As reflexões, histórias de vida e ações de enfrentamento tomaram conta do evento gratuito “Racismo e Antissemitismo no Futebol - O Papel do Esporte no Respeito às Diferenças”. O debate, promovido pela FIRS - Federação Israelita do RS, reuniu a comunidade judaica e a comunidade negra para falar sobre o esporte enquanto instrumento de combate a todo tipo de preconceito. “Ainda é um tema fundamental para os nossos tempos. O ódio contra negros, judeus e mulheres é algo histórico. Evoluímos, de certa forma, mas ainda temos um longo caminho pela frente até porque o ódio nunca é direcionado a um só grupo, quem odeia, odeia todas as diferenças na mesma intensidade”, afirmou o presidente da Federação, Sebastian Watenberg, mediador do debate.

Fundador do Observatório Racial do Futebol, Marcelo Carvalho falou sobre os seis anos de trabalho à frente da iniciativa. O Observatório mapeou, recentemente, 44 denúncias de racismo no futebol, em 2018, e, até o momento, 47 denúncias em 2019, ano com maior número de casos, sendo 13 deles no Rio Grande do Sul. “Costumo dizer que infelizmente estamos falando sobre racismo, mas felizmente estamos tendo cada vez mais espaço para ampliar esse debate. Com estes dados, queremos mostrar que os casos de racismo não são pontuais, que os números são absurdos e as punições são poucas. A ideia é usar o futebol para falar com uma parcela maior da sociedade sobre a questão racial”, assegurou.

Para o presidente da Comissão Especial Nacional da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB/RS, Jorge Terra, tudo começa na educação. "O que estamos fazendo na educação para que isso não aconteça? Já existem leis sobre isso”. Ele ilustrou casos em que o racismo afeta diversos domínios, da infraestrutura institucional à saúde, da cultura até a disparidade salarial. “A questão negra não consegue convencer os outros de que é um problema que envolve tantos domínios e é importante. E, ainda, não consegue entrar na agenda política. O nosso problema vai além do esporte, mas ele pode ser um caminho para a construção das soluções. É crucial, por exemplo, que o poder público realize e incentive campanhas publicitárias de combate em todos os espaços midiáticos, sobretudo com a participação dos atletas”, propôs Terra.

EVENTO FIRS ANAHÍ SILVEIRA 8

O terceiro debatedor da noite foi o jornalista Leo Gerchmann, autor das obras “Coligay Tricolor e de Todas as Cores” e “Somos Azuis, Pretos e Brancos”. “Enquanto judeu, posso afirmar que o antissemitismo se traveste de diferentes formas. É um tipo de preconceito que vai penetrando e é perverso, assim como todos os outros. Fiz um livro sobre a Coligay e não sou gay, mas aprendi como homossexuais sofrem. Toda violência contra a identidade de uma pessoa é gravíssima e a diversidade está presente em cada palavra que escrevo na minha vida profissional”, desabafou.

“Este negro tem permissão para entrar aqui?" Foi relembrando a frase que ouviu há 26 anos que o ex-árbitro e comentarista de arbitragem, Márcio Chagas, começou sua participação, relembrando apenas uma das tantas passagens que marcaram sua vida pessoal e profissional. "Essas piadas e brincadeiras racistas me acompanharam durante a minha vida inteira. 'Piadas' onde um lado só dá risada. Foram oito anos como árbitro sem aquecer no campo para me proteger dos xingamentos. Até o episódio, em março de 2014, em que fui humilhado quatro vezes seguidas durante uma partida. Estive sozinho porque o policiamento não fez nada. E, ainda, na hora de embora, na garagem exclusiva do estádio, me deparo com meu carro amassado e com cascas de banana por todos os lados, inclusive no escapamento. Aí então decidi ir para o enfrentamento e denunciei", lembrou. “O racismo no Brasil é o único crime perfeito. Quem denuncia se torna o violão e quem cometeu se torna a vítima”.

Antes da participação do público, com perguntas e explanações, o diretor da FIRS, Fábio Lavinsky, finalizou a sequência dos debatedores. “Quem aqui nunca ouviu a frase ‘só sabem se vitimizar’. As narrativas que nos agridem são semelhantes porque os atores que nos odeiam são os mesmos. Estamos, literalmente, juntos nesta luta. E uma das principais armas de combate é a educação, é preservar a memória. Me sinto envergonhado de que em 20 de novembro não seja feriado no RS para lembrarmos de tudo. Povo que não honra a sua memória é um povo que não existe. Espero que deste encontro fique um legado de aprofundar o trabalho em conjunto, que já está sendo feito”, encerrou.

Fonte: Camejo Comunicação
Autor: Anahí Silveira e Vanessa Fontoura
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte
Autor da foto: Anahí Silveira/Camejo Comunicação


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