Em curta temporada, o espetáculo Farsa está de volta ao sul do Brasil, onde iniciou sua turnê em agosto de 2007, cumprindo sucessivas temporadas de sucesso pelo Brasil afora. A peça estréia dia 18 no Theatro São Pedro, com apresentações apenas nos dias 18 e 19, encerrando a turnê, sempre com o patrocínio da Refap. No elenco estão Marcos Breda, Mario Borges, Claudia Ohana, Gabriel Wainer, Iris Bustamante, Carmen Frenzel e Cadu Fávero revezando-se nos 22 personagens que povoam a tetralogia. A direção é de Luís Artur Nunes.

O público tem pelo menos seis bons motivos para ir ao teatro, dar boas gargalhadas e voltar para casa de alma lavada. O primeiro deles chama-se farsa – um dos mais antigos, leves e divertidos gêneros da história do Teatro. Nascido na Grécia Antiga no século V a.C., e consolidado na França do século XV, ele permanece, como se verá, esbanjando vitalidade. O segundo motivo é homônimo do primeiro: Farsa, o espetáculo, foi visto por 50 mil pessoas em mais de 150 apresentações realizadas em 29 cidades desde a sua estreia nacional em Porto Alegre; concorreu a oito premiações em diversas categorias, incluindo as de Melhor Espetáculo e Melhor Diretor (Luiz Arthur Nunes), e representou o Brasil ano passado no XXX Festival Internacional de Teatro de Manizales (Colômbia) e na edição de Bogotá do II Festival VivAmérica. Quanto aos outros quatro bons motivos, bem, os outros quatro atendem pelos nomes de Cervantes, Tchékhov, Molière e Martins Pena. Afinal, pertence a este imbatível quarteto de mestres da dramaturgia universal a autoria das peças cômicas breves que compõem a coletânea apresentada no espetáculo.

O espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) comparece com Os Faladores, em torno da volúpia verbal de dois incorrigíveis falastrões. O russo Anton Tchékov (1860-1904), com O Urso, sobre as desavenças e o enlace entre um rude fazendeiro e uma bela e suspirosa viúva. O francês Molière (França, 1622-1673), com O Médico Saltador, que narra em ritmo frenético as peripécias de um criado que se faz passar por médico para promover a união do patrão com a sua amada. Por fim, mas não por último, o nosso Martins Pena (1815-1848) prova que sua dramaturgia nada deixa a dever aos consagrados companheiros de ofício do Velho Mundo com a rocambolesca Os Ciúmes de um Pedestre, sobre as artimanhas de um fogoso vizinho e de um jovem enamorado para encontrar a mulher e a filha do temido capitão-do-mato, que, em suas andanças atrás de escravos fugidos, as mantém trancafiadas a sete chaves.

Farsa é o terceiro da série de cinco espetáculos envolvido no projeto de pesquisa e encenação, em um período de dez anos, de diferentes vertentes da dramaturgia cômica universal. Esse projeto vem sendo desenvolvido pelo ator Marcos Breda em parceria com a Caravana Produções Culturais, com a colaboração de Luiz Arthur Nunes. Antes dele, subiram à cena o clássico da commedia dell’arte Arlequim Servidor de Dois Patrões, de 2002, que permaneceu dois anos em repertório, e o melodrama A Maldição do Vale Negro, de 2004.

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