Recentemente, na Alemanha, um grupo de pesquisadores teve êxito na criação de órgãos humanos transparentes (rins e cérebro, por exemplo), os quais podem ser mapeados por laser e basear a montagem de uma peça do corpo humano “novinha em folha”, usando células tronco como “tinta” em uma impressora 3D. 

A tecnologia, evidentemente, precisa ainda ser bem testada para o uso em pessoas. As projeções apontam que em cerca de 10 anos isto tem boas chances de virar realidade. Se há dez anos falássemos sobre isto, afora alguns entusiastas do progresso científico, a grande maioria das pessoas nos olharia de modo estranho. 

Pois há uma década a reforma da previdência era apaixonadamente discutida no Congresso Nacional e pela sociedade. Hoje, em 2019, quando tal avanço da ciência – apesar de fantástico – não chega a surpreender, a reforma da previdência continua sendo apaixonadamente discutida no Congresso Nacional e pela sociedade brasileira. 

Vamos ser claros. Há décadas o Brasil vem discutindo, sem nenhuma conclusão, suas questões de ordenação social e econômica, enquanto o resto do mundo avança rapidamente na direção de um futuro em que as pessoas gozarão de facilidades tecnológicas e maior tempo e melhor padrão de vida. 

O fato incontestável é que a longevidade está aumentando a passos largos e a natalidade nacional vem caindo também de forma dramática. Mesmo que tivéssemos um sistema previdenciário bem gerido e superavitário, em pouco tempo estaríamos diante da insustentável situação de poucos jovens tendo de sustentar vários aposentados, a maioria muito saudável e jovial. 

Ainda há outras questões que deveriam estar realmente preocupando e ocupando os políticos de carreira e que estão sendo preteridas por intrigas de baixíssimo nível. 

A automação aumenta a produtividade e para fazer frente a isto é necessário investir em educação de ponta para a criação de profissões e empregos qualificados; entretanto parece mais interessante colocar lenha na fogueira nas trocas de farpas. Estados Unidos, Rússia, China, União Europeia, Japão, Israel e Índia desenvolvem rapidamente seus programas espaciais na busca das riquezas proporcionadas por tais conhecimento. No Brasil, ainda nos detemos em polarizações de esquerda contra direita. 

Em vários aspectos, parece que o nosso país ainda não entrou no Século XXI. Nunca necessitamos tanto de conhecimento científico e objetividade na tomada de decisões na direção do progresso. Recentemente perdemos o posto de 7ª maior economia do mundo para Índia e Itália, e passamos para a 9ª posição. Se não reagirmos, nos próximos 5 anos, seremos ultrapassados por Canadá, Coréia do Sul, Rússia, Espanha, México, Austrália e várias outras nações. 

A verdade é que chegamos a uma posição global tão elevada mais pela qualidade de nosso território do que pela qualidade dos gestores públicos e políticos que escolhemos. Este tempo de “sorte” chegou ao fim. 

O momento é de foco, produtividade, conhecimento científico e empreendedorismo. Sem isto, o Brasil continuará atrelado ao Século XX. 

Vitor Augusto Koch

Presidente da FCDL-RS