Mais de duas horas de debate reuniram arquitetos e urbanistas em torno de uma questão que ronda o dia-a-dia desses profissionais: com uma formação abrangente, o profissional deve ter uma atuação generalista ou especialista? A pergunta que dividiu opiniões marcou o evento AAI Talk30 – Redes Criativas – Conexões que Movem o Mundo, no IMED Porto Alegre. O evento promovido recentemente pela Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS (AAI/RS) integra as comemorações dos 30 anos da entidade.

Segundo a presidente da AAI Brasil/RS, Cármen Lila Gonçalves Pires, o debate tinha a proposta de discutir os prós e contras tanto da atuação generalista, bem como de uma atuação de forma mais especialista. “Temos muitos estudantes se formando e queremos apontar um rumo para esses novos profissionais”, esclarece Cármen Lila.

Docente, a arquiteta e urbanista Marta Peixoto lembrou que, apesar de uma formação acadêmica generalista, atualmente, o profissional vem sendo exigido em setores mais específicos. Defendeu uma atuação mais plural, mas reconheceu a exigência atual do mercado para uma especialização. O arquiteto e urbanista Marcelo Polido acredita que o mercado está cada vez mais multidisciplinar, sendo necessária uma visão global da profissão. Com um escritório voltado para a área de varejo, o arquiteto e urbanista Gabriel Bachilli defendeu um olhar diversificado na coordenação dos projetos. “Trabalhamos com projetos complementares e a parceria de outros profissionais”, explicou.

As sócias Tais Lagranha e Mariana Hugo atuam em diversas frentes da Arquitetura E URBANISMO, e também aliaram o design para a realização dos projetos desenvolvidos pelo escritório Illa. Com experiências no mercado internacional, as sócias dizem que os trabalhos realizados as levaram para a generalização, sendo o que preferem. “Nossa empresa levou 10 anos para assumir esse posicionamento”, ressaltou Mariana, lembrando que os projetos contam com a assessoria de profissionais especializados, conforme os setores envolvidos. “O importante é entender o projeto com base em uma metodologia de discussão desenvolvida pela empresa que envolve a participação dos clientes antes do início dos estudos técnicos”, acrescenta Mariana.

A arquiteta e urbanista Flama Savio, que trabalha com marcas de luxo internacionais, falou sobre sua experiência na área do varejo e sua trajetória até chegar ao mercado de luxo, com vivências internacionais, até decidir retornar para o Brasil. Também defendeu uma atuação mais generalista, lembrando que o lado negativo da especialização está no fato de os profissionais “esquecerem conhecimentos que fazem parte do dia-a-dia”.

Ao final do debate, os convidados também responderam a perguntas dos associados, que trataram das qualidades da formação generalista, da capacidade do trabalho cooperativo, com especialistas.