Os meios nunca podem justificar os fins e isto é comprovado com as coisas vergonhosas que aconteceram e ainda vem ocorrendo no Brasil, envolvendo especialmente políticos e grandes empresários.

Esclarecendo, o desvio de conduta em nome de um objetivo acaba corrompendo o próprio objetivo.

A preocupação de hoje não é com o passado ou o presente. E sim com o que poderá acontecer com o futuro do Brasil se seguirmos primando pelo descaso em questões fundamentais.

É notório que a infraestrutura nacional está dramaticamente debilitada: energia cara e escassa em vários locais; estradas esburacadas e perigosas; portos caros e ineficientes; dentre outros aspectos.

Conceitualmente somos favoráveis que a iniciativa privada passe a gerir tais negócios, pela via da concessão de serviços públicos.

Temos a convicção de que neste formato os serviços necessários ao desenvolvimento do país serão administrados de maneira competente e econômica, reduzindo custos diretos e indiretos aos consumidores.

Há no mercado inúmeras empresas globais com notória capacidade de gestão dos negócios em pauta.

Entretanto, os envolvidos neste processo de concessão devem ter o discernimento de aceitar concessionários de credibilidade inquestionável, ao mesmo tempo em que limitem o acesso destes à gestão de nossa infraestrutura a um limite que não ameace a soberania nacional.

Levantamos esta questão porque as últimas notícias no setor elétrico e de rodovias são preocupantes, com empresas chinesas dominando as perspectivas de ofertas nos futuros leilões de concessão.

Pelo comércio, sabemos que a maior parte dos produtos contrabandeados e falsificados tem origem chinesa; pelo noticiário observamos que a China, a despeito do espetacular crescimento econômico, é uma ditadura bastante restritiva no que se refere às liberdades individuais de seus cidadãos.

Deve ficar claro que estamos lidando com uma civilização com características nebulosas no âmbito de nossos conceitos éticos e morais.

Será conveniente acertar irrestritamente o investimento chinês?

Mesmo que o Brasil esteja extremamente carente de capitais no atual momento, não devemos cometer o erro de sermos relapsos ou gananciosos com a origem do dinheiro que poderemos vir a receber.

Se não aprendermos definitivamente que os meios nunca justificam os fins, poderemos, mais uma vez, pagar, no futuro, muito caro por tomarmos decisões erradas.

Vitor Augusto Koch, Presidente FCDL-RS