Ontem, 4, a Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (CAEC) realiza a exportação do seu primeiro lote de materiais recicláveis para a Europa. A CAEC é a sede da Rede Catabahia, a primeira rede de comercialização de materiais recicláveis organizada por catadores no Brasil. Ela beneficia cooperativas e pequenas e médias empresas (PME) de dez municípios do estado da Bahia e é resultado dos esforços do PANGEA, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que organizou a rede e presta assessoramento técnico constante para a realização das suas atividades. "Esse projeto afasta os catadores das ruas e lixões, assim como das chamadas ‘empresas atravessadoras’, e os organiza em cooperativas para realização de negócios diretamente com a indústria de reciclagem nacional e, agora, também internacional”, explica o diretor do PANGEA, Antonio Bunchaft.

A ação é inédita, já que nenhuma outra organização de catadores no mundo opera uma linha de exportação. Esse processo de internacionalização das atividades da Rede Catabahia foi possível através da parceria do PANGEA com o Projeto de Apoio à Inserção Internacional de Pequenas e Médias Empresas Brasileiras (PAIIPME), que é co-financiado pela União Europeia e executado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). “O PAIIPME visa contribuir para a inserção competitiva do Brasil na economia mundial e, em especial, reforçar os laços econômicos e comerciais com a Europa”, explica o presidente da ABDI, Reginaldo Arcuri. “Para isso buscamos, entre outras coisas, melhorar a capacidade das pequenas e médias empresas para operações internacionais, aprimorar o seu conhecimento sobre mercados potenciais e promover adaptações necessárias de tecnologias, processos produtivos e serviços”, completa a diretora do PAIIPME, Patrícia Vicentini.

No âmbito da parceria entre PAIIPME e PANGEA, a meta é estruturar a operação comercial internacional da Rede Catabahia, de forma a construir uma alternativa ao mercado nacional de recicláveis, que é composto por um número pequeno de compradores, dos quais as cooperativas acabam dependentes. “Para alcançar essa meta, apostamos num processo de combinação de estudos e assistência técnica especializada, com a participação ativa dos beneficiários”, explica Bunchaft. Para ele, os resultados desse trabalho abrirão novos rumos para as cooperativas de catadores em todo o Brasil.

A partir da exportação do primeiro lote, a expectativa é de que a Rede Catabahia transforme essa experiência, considerada piloto, em uma ação permanente, de grande escala. De acordo com o diretor do PANGEA, além de estimular a competitividade das cooperativas e empresas envolvidas no Projeto, a iniciativa já gera impactos sociais diretos, como a elevação e a estabilidade do faturamento de 500 famílias de catadores. “Também temos os impactos ambientais positivos, como a economia de importantes recursos naturais, a exemplo de petróleo, árvores e água”, lembra ele.