“Michel Temer terá dificuldades políticas para aprovar a Reforma da Previdência com o alcance e profundidade que deveria ter com pelo fato de ser um presidente de transição. Ele está completando o mandato de uma presidente que sofreu impeachment, está só há meio ano no cargo. Nisso reside a fragilidade de conduzir uma reforma com tantos aspectos que estão preocupando os aposentados”. A opinião é da senadora gaúcha Ana Amélia Lemos, que palestrou na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) nesta segunda-feira (27), quando falou sobre o cenário econômico e político atual, momento e perspectivas para o Brasil.

Para a senadora, o governo perdeu a guerra da comunicação em relação à Reforma da Previdência. “O governo não soube explicar o que pretendia e isso contaminou a reforma, porque as pessoas estão com mais dúvidas do que com certezas sobre este assunto”, afirmou Ana Amélia.

Ainda de acordo com a senadora gaúcha, hoje a prioridade no Senado é a retomada do projeto sobre terceirização aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada. O presidente do Senado, Eunício Oliveira, deve colocar para votação o projeto, o que pode levar a alterações nas regras aprovadas. “Vamos examinar, e se o Senado tiver que fazer alguma coisa que não seja para anular o que foi feito pela Câmara, e que os direitos dos trabalhadores sejam todos assegurados”, sustentou.

A senadora também se posicionou contra a proposta de voto em lista fechada e favorável ao fim do foro privilegiado para todos os poderes. Ana Amélia também se disse preocupada com a ideia de se retirar, na Reforma da Previdência, para aumentar as receitas, o caráter filantrópico de instituições comunitárias de ensino, como é o caso da Universidade de Caxias do Sul (UCS), e de saúde, o que levará prejuízo a milhares de estudantes e pacientes atendidos por essas instituições. “O remédio amargo pode acabar matando o doente”, comparou.

Ana Amélia também manifestou apoio à Operação Lava Jato e às 10 medidas anticorrupção. Para a senadora, o lado positivo “é essa limpeza que está acontecendo”, mas afirmou que “o pior Congresso ainda é melhor do que uma ditadura. E lembrou sobre a responsabilidade do eleitor: “Ninguém chega lá sozinho. Essa responsabilidade é intransferível”, acrescentou, ao falar sobre a importância do voto consciente.

O presidente da CIC, Nelson Sbabo, entregou à senadora uma cópia do documento levado ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na última sexta-feira (24), com 18 sugestões de medidas para o enfrentamento da crise e retomada do crescimento da economia, aos quais Ana Amélia se comprometeu a levar para Brasília. Empresários da Região solicitaram à senadora a extensão da BR-448 (Rodovia do Parque) até Portão, para desafogar o trânsito na BR-116. Também presente na reunião-almoço, o prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra, agradeceu ao apoio da senadora na liberação do empréstimo de U$ 33 milhões para pavimentação em estradas do município. “Saímos com uma agenda, este é o compromisso de um político”, ressaltou Ana Amélia.