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Equipamento de radioterapia em Santos tinha componente vencido
   
     
 


04/10/2009

Equipamento de radioterapia em Santos tinha componente vencido
Secretaria de Saúde diz que pastilha de cobalto estava fora da validade. Especialistas alertam para o risco à saúde e MP entra no caso.

Por 34 anos, o equipamento de radioterapia conhecido como bomba de cobalto foi usado no tratamento de pacientes com câncer. Chegou a atender 40 pessoas por dia no Hospital Beneficência Portuguesa de Santos - um dos maiores do litoral paulista. No entanto, virou alvo de investigação. A Secretaria estadual de Saúde constatou que a pastilha de cobalto, fonte do material radioativo, estava vencida, o que representa, segundo especialistas, risco à saúde.

 O que foi descoberto sobre o funcionamento dessa máquina nos últimos três anos surpreendeu o Ministério Público. “Brincaram com a vida de vítimas, brincaram com a saúde publica”, disse Cássio Conserino - promotor de justiça. 


No equipamento, um feixe de radiação é usado no combate ao câncer. Documentos mostram que, em 2006, a Cenem - Comissão Nacional de Energia Nuclear, alertou o hospital de Santos: a pastilha de cobalto estava com atividade muito baixa e precisaria ser trocada. 

Vencida

Dois anos depois, a comissão fez nova vistoria e constatou que a pastilha ainda era a mesma. “A taxa de radiação vai ficando mais fraca. Então, aconselha-se que a cada cinco ou sete anos, as fontes de cobalto sejam substituídas”, afirmou Pedro Paulo Pereira, professor de física médica do Instituto Nacional do Câncer. 

No ano passado, a Secretaria estadual de Saúde constatou: a bomba de cobalto não tinha licença de funcionamento e apresentava alto risco à saúde publica. Isto porque a pastilha de cobalto tinha passado do prazo de validade. “Quando não substituídas, isso vai comprometer a qualidade do tratamento porque o tempo de tratamento vai ser muito longo”, disse Pereira. 

Segundo médicos ouvidos pelo Ministério Público, não é possível dizer se o tratamento realizado nos últimos três anos foi confiável ou não. “Aquilo que se podia fazer em 30 segundos, estava levando 5, 6, 7 minutos”, revelou Ademir Pestana, presidente da Beneficência Portuguesa. 

A bomba de cobalto usada no tratamento de câncer no hospital foi desativada em março deste ano. E hoje o aparelho está. todo enferrujado e já tem um destino: o ferro-velho.As pastilhas radioativas foram retiradas e armazenadas em local seguro. 

Condições de uso

A Beneficência Portuguesa de Santos é um hospital particular, que também atende pelo SUS, o Sistema Único de Saúde. A direção diz que a bomba de cobalto pertence ao hospital, mas era operada por médicos de uma clínica contratada, que funcionava dentro da Beneficência. 

O médico da empresa responsável pela radioterapia diz que a bomba de cobalto tinha condições de uso. “Não havia alto risco de saúde publica”, garantiu Hilário Cagnacci, médico responsável pelo setor de radiologia. 

“Nós preferimos, aos invés de interromper o tratamento, diminuir o nosso ritmo de atendimento. Eu posso lhe garantir que a maioria dos pacientes tratados esta agradecida com o nosso serviço”, afirmou Cagnacci. 

Segundo a promotoria, os envolvidos estão sendo investigados por estelionato e crimes contra a saúde pública. “O próximo passo do Ministério Público é levantar o número de vítimas que foram submetidas a tratamento no período de 2006 a 2009 e eventuais óbitos”, disse o promotor. 

Espera

Hoje, só a Santa Casa faz radioterapia na região de Santos. Alguns pacientes só conseguem horário de madrugada. Marilda Burato se recupera de um câncer de mama.  “As pessoas perguntam: você esta bem, Marilda? Eu estou ótima, mas com sono, muito sono”. 

A radioterapia está marcada para as 2h45. Ela resolve arriscar: chega à meia-noite e sai do hospital uma hora depois. “Hoje consegui (ser atendida mais cedo). Estava mais calmo.Vou dormir mais cedo, se Deus quiser”. 

Mais de 230 mil pessoas teriam que passar por sessões de radioterapia este ano em todo o país. Teriam, porque a conta não fecha. Segundo a Sociedade Brasileira de Radioterapia, não há equipamentos suficientes para atender a todos os pacientes com câncer. A estimativa é de que por ano 60 mil brasileiros fiquem sem esse tipo de tratamento. 

“A situação no país é caótica. Existem alguns estados do Brasil que têm pouquíssimos serviços. Por exemplo, Pernambuco. Pará é outro serviço onde o caos é muito grande. E existem alguns onde nem existe serviço de radioterapia”, disse Carlos Mendonça de Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia. 

Esse é o caso também de Roraima e do Amapá. Em Macapá, uma professora, que operou de câncer de mama, já sabe que o tratamento vai ser a 2,4 mil km dali, em Brasília. “Tenho que fazer radioterapia e está sendo tão difícil, muito difícil”, contou Dilean Ferreira Maciel. 

Moradora de Boa Vista, Andeise Vasconcelos precisou fazer 34 sessões de radioterapia em Manaus. Foram 90 dias longe de casa. “Eu conheço pessoas que não foram fazer o tratamento por ser longe da família, então desistiram da radioterapia. Isso atrapalha no tratamento. 

“Para atender essa demanda de forma adequada, nós precisaríamos de pelo menos mais 100 equipamentos e o custo desses equipamentos é muito alto”, informou o presidente Sociedade Brasileira de Radioterapia. 

Em santos, onde o equipamento funcionava com prazo de validade vencido, uma nova máquina foi comprada e o atendimento deve ser retomado no mês que vem. “Como a gente costuma dizer, o câncer não espera. Se você perder aquele tempo para fazer o tratamento, a doença avança e com isso o paciente perde essa oportunidade, a chance de tratamento”, afirmou o médico Benjamim Barbosa.

Fonte: G1
Autor: Fantástico
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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