Agora é para valer: o Google entrou de vez no território da Microsoft. Com uma pequena nota em seu blog corporativo, a gigante da internet causou o equivalente a um terremoto sobre o mercado, anunciando que irá desenvolver um sistema operacional para computadores, o Chrome OS. Ou, como o blog de tecnologia Tech Crunch publicou, o anúncio foi como jogar uma "bomba atômica sobre a Microsoft".

Afinal, na alça de mira do novo sistema está o Windows, hoje presente na vasta maioria dos PCs de todo o mundo e uma espécie de âncora da empresa no mundo digital. O Google, como de costume, nega que tenha interesse em competir diretamente com a Microsoft. Seu atual presidente, Eric Schimdt, porém, tem um histórico de luta contra a dominância de mercado da empresa de Bill Gates.

Além disso, essa não é a primeira vez que o Google faz uma investida numa área até então de controle quase absoluto da Microsoft. Exemplos recentes são os lançamentos do Google Docs e do Android, que competem diretamente com os programas do Office e o com o sistema operacional para celulares Windows Mobile, respectivamente.

De acordo com o Google, o Chrome OS será uma plataforma gratuita, leve e aberta, com foco no crescente mercado de netbooks, notebooks mais simples, usado principalmente para acessar a internet.

"O Chrome OS é nossa tentativa de repensar o que um sistema operacional deve ser", afirma a corporação em seu blog. Em outras palavras, a companhia quer criar um sistema em que a prioridade seja facilitar o acesso e uso da internet. Segundo Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil, a empresa está apenas seguindo seu curso natural, investindo em uma área que, acredita, será importante para gerar receita no futuro.

A fórmula não é nenhum segredo, diz ele: quanto mais fácil for acessar a internet, mais clientes em potencial o Google terá. "Nosso negócio é vender anúncios online e não vamos cobrar por software ou instalar recursos que prendam os usuários a nós", afirma. "Temos é que oferecer algo que seja vantajoso para eles e, assim, aumentar a visibilidade dos anúncios que vendemos, com o objetivo de impulsionar nossa receita", acrescenta.

Apesar do anúncio, o Chrome OS só deve se tornar realidade entre o fim deste ano e o início de 2010. De acordo com o Google, os primeiros netbooks equipados com o sistema só devem chegar ao mercado no ano que vem, pelas mãos de um dos vários fabricantes parceiros no projeto. Entre eles figuram gigantes como a Hewlett Packard (HP), a Acer e a Asus.

"E será um processo de parceria e competição. Elas vão atuar em parceria conosco para ajudar a desenvolver o sistema, mas concorrendo entre si para oferecer o melhor produto e, assim, serem escolhidas para lançar o primeiro aparelho com o Chrome OS", revela Ximenes. Para a Microsoft, o momento escolhido pela concorrente não poderia ser pior. Hoje a empresa trabalha a toque de caixa para finalizar o Windows 7, a nova versão de seu sistema operacional, que deverá substituir o problemático Vista e recuperar parte do prestígio perdido com esse produto.

Muito criticado por usuários, o Vista chegou ao ponto de ser comercializado com uma opção de "downgrade" para o XP, o sistema operacional anterior e mais eficiente da Microsoft. Muitas corporações chegaram a dizer que seria melhor postergar a atualização de seus equipamentos à espera do sucessor do Vista. E foi sentindo o cheiro de sangue no ar que o Google viu a oportunidade de ampliar a base de internautas - e potenciais clientes - e, de quebra, fincar mais uma bandeira no coração do território dominado pela empresa de Bill Gates.