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Augusto Diegues – Presidente da Futura Propaganda
   
     
 


08/06/2009

Augusto Diegues – Presidente da Futura Propaganda
Mercado publicitário e a crise: pequeno ensaio sobre a nossa enorme cegueira

Assistimos, nos últimos meses, a todo tipo de manifestação indicando caminhos para atravessar ou para sair desta nossa marola. Publicitários de calibres variados, empresários criativos, políticos surfistas, jornalistas céticos e economistas engraçados, que em plantão permanente, não param de emitir opiniões, receitas, recomendações. Alguns, amparados numa espécie de crença juvenil, chamam atenção para saídas voluntariosas, ingênuas e inócuas frente ao pânico e ao descrédito generalizados. Outros, orgulhosos, apontam a porta de saída, estimulam o desastre e acabam incensados pela mídia especializada. Todos parecem ter algo importante a dizer e o momento é grave! 

Também existem aqueles que, sempre atentos, vasculham cada centímetro em busca de espaço para esparramar suas opiniões, mistificações. Adaptados ao ambiente que ajudaram a gerar, certamente resistirão, alastrando seus tentáculos e princípios mercado afora. Mas e os outros? Aqueles que não têm disposição, interesse, competência ou coragem para participar deste jogo. Em meio a este ensurdecedor falatório há, certamente, um amontoado de empresas e pessoas paralisadas, desesperadas, presas fáceis de todo tipo de mistificação, desinteressadas desta conversa. E todos esperam... Entre estes muitos “outros”, para entrar no mercado publicitário e na nossa crise crônica e particular, há, naturalmente, profissionais e agências de todo tipo e tamanho. Respostas e opiniões não faltam, ainda que divergentes. Todos sabemos muito bem o que fazer e, ao que parece, a hora é de sair atirando.
 
Mas não adianta atirar pra qualquer lado. Balas custam dinheiro. Portanto, como acreditar que certo discurso infanto-juvenil seja capaz de mover a cena? Por outro lado, é certo que não devemos nos aliar aos apocalípticos de ocasião. Estamos todos cegos e, atacados por todos os lados, tateamos sem direção, inescrupulosos e amedrontados. Vivemos em um mercado global em que velhos (e novos!) tiranossauros dominam, se digladiam e destroem tudo à sua volta. Crescem à custa da seriedade e da sustentabilidade do ambiente de negócios no qual todos tentamos criar valor e prosperar. Nada lhes escapa e se escapamos de um, logo aparece outro, mais agressivo e arrasador. Prestigiados e paparicados, sabem tudo sobre a crise. Divergem, ocasionalmente, sobre sua natureza e força, mas no fim das contas, não medem esforços nem retornos para conquistar seus objetivos.
 
Assim, com apetite cada vez maior, os cada vez mais gordos e desajeitados lagartos continuarão a atacar. No final das contas, sobrarão poucos gigantes ainda mais gigantescos, muitos ratos dispersos e um ruído cada vez mais alto de grandes corpos desabando. Sobrarão também, certamente, alguns visionários e uns poucos caçadores românticos. Com consumidores cada vez mais críticos, seletivos e descrentes, imunes à espuma e ao peso dos GRPs, e sem pequenas lojas para atacar ou cristais novos para destruir, restarão aos tiranossauros sobreviventes a companhia dos ratos e o desenvolvimento de um novo modelo de negócios.
 
De qualquer modo, não há inocentes ou vítimas. É tudo questão de oportunidade, coragem e eficiência. Poucos e bons conseguiram, neste processo, conservar alguns princípios. Estão sozinhos, entre ratos e tiranossauros. Espero que sobrevivam e que consigam se multiplicar e que, no tempo, superem, com criatividade, disciplina, alguma ética e confiança o peso avassalador dos gigantes e a mediocridade contagiante dos ratos.
 
Não se trata, obviamente, de ser complacente com a incompetência, a preguiça ou o atraso, mas sim de trabalhar pela construção de um ambiente de negócios mais positivo, realmente relevante e criativo, no qual, além dos eventuais predadores e inescrupulosos, sobrevivam, também, pequenas lojas de cristais, espaços de excelência e de relacionamento produtivo e franco que, no fim das contas e das Contas, é o que pode realmente mudar a cena.
 
Quanto à crise… o negócio é mudar o negócio que está aí. Trabalhar ainda mais, inovar verdadeiramente, criar um ambiente de confiança e projetar respeito e qualidade. Ser atrevido e escolher ficar entre os “poucos” e os “bons”, resistindo aos ratos e aos tiranossauros. Trocar, enfim, a espuma pelo chantilly e valorizar o tempo e as pessoas, entregando valor e resultado efetivo ao negócio dos clientes que ousarem fugir ao padrão instituído. E ter paciência, muita paciência. Entrar neste “salve-se quem puder”, afinal, pode resolver o problema imediato e pode, até, ser irresistível neste momento, mas, certamente, fará com que nossas pequenas lojas percam a única chance que têm de sobreviver e de prosperar nesta selva que se amesquinha dia-a-dia. Passamos, meus caros, da fase esperta e oportunista de vender lenços. Agora é preciso mais, é preciso comprometer-se e compartilhar a luz, mesmo que seja o disperso brilho de nossos pequenos cristais.

Fonte: Blue Comunicação
Autor: Augusto Diegues
Revisão e edição: Emily Canto Nunes

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