Alimentos, aluguéis e, principalmente, serviços em geral estão mais caros. Os preços subiram, em média, 10%. São pequenos reparos em casa, oficina mecânica e salão de beleza. Aumentou tudo.

O consumidor tem um papel fundamental nesse momento: pesquisar antes de comprar e antes de contratar qualquer serviço para economizar e também para tentar frear o que os economistas chamam de “espalhamento dos preços pela economia”. É quase um palavrão, mas está no dia a dia. Trata-se de uma alta generalizada dos preços, o que ninguém quer. Nem o governo e muito menos os consumidores.

Primeiro foram os alimentos. Depois as mensalidades escolares e os aluguéis. Agora são os serviços. Está ficando tudo mais caro. Para lavar o carro, semana passada, o bancário Daniel Borges conta que gastou bem mais que de costume. “O posto cobrava R$ 7 e aumentou de uma hora para outra de sete para R$ 10”, contou.

A despesa com empregados domésticos cresceu 11,7% em 12 meses. Comer fora de casa está 12% mais caro. De acordo com o IBGE, os serviços em geral aumentaram quase 8,9%.

“A cada pouquinho, a cada segmento que você percebe faz diferença no total do orçamento. Isso se dá no salão também, quando você vai cuidar do cabelo ou da unha”, comentou a artista plástica Veruska Bettiol.

Em um salão de beleza, os clientes ainda pagam os mesmos valores pelos serviços. “Já solicitei estudo de mercado de forma preventiva pensando, sim, no que está acontecendo na economia nacional”, disse o dono do salão, Alexandre Viana.

Quando os prestadores de serviço aumentam os preços acima da média, eles ajudam a espalhar a inflação para outros setores. O comerciante, por exemplo, pode cobrar mais pelos produtos para compensar o gasto extra que teve com o eletricista ou o contador.

O professor de economista Roberto Ellery explica por que a alta de preços dos serviços pressiona tanto a inflação. “É uma área que tem impacto fundamental, é o grande setor da economia, que concentra a maior parte da atividade econômica e a maior parte do emprego. É um setor que mostra muito essa desconfiança de que vai ter inflação”, afirma.

Com os aumentos espalhados entre os vários setores da economia, muitos economistas acham que o Banco Central vai ter muitas dificuldades para cumprir a meta da inflação, que é de 4,5% este ano.