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Marcos Morita – mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie
   
     
 


05/05/2011

Marcos Morita – mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie
Censo deve ser utilizado para estratégias de negócio
Ainda lembro quando jovem, da curiosidade que nutria sobre os resultados do Censo, sua grandiosidade, metodologia e análise de resultados. Tinha um real interesse pela geografia, porém decidi seguir por outros caminhos, haja vista o estreito campo profissional existente. Os tempos se passaram, e hoje analiso seus dados sobre o prisma da estratégia, ou seja, de que maneira, governantes, empresários e executivos podem aproveitá-los, gerando vantagens competitivas duradouras.
 
A última versão ocorrida ano passado trouxe algumas novidades, tais como a coleta eletrônica de dados e a inclusão de algumas questões, tais como: união entre pessoas do mesmo sexo, computadores domiciliares com acesso à internet e acesso a programas de transferência de renda do governo, necessárias devido às políticas governamentais, a tecnologia e as mudanças comportamentais da sociedade.
 
Os grandes números demonstram um país com mais mulheres que homens em algumas localidades, predominantemente urbano e crescente nas regiões Norte e Centro-Oeste devido às ondas migratórias, provocadas pela mineração e as grandes obras, porém ainda analfabeto e carente em saneamento básico, demonstrando algumas mazelas de país de terceiro mundo.
 
Voltando a estratégia, alguns indicadores podem ser de extrema importância, tais como: (a) aumento do número de pessoas morando sozinhas, (b) crescimento do percentual de idosos e (c) o número de casais homossexuais declarados, compondo o material necessário para o que denominamos análise do ambiente. Vejamos.
 
(a) Sete milhões de solitários: este é o número de domicílios habitados por apenas uma pessoa. Vale salientar que 46% deste público têm entre 30 e 59 anos, ou seja, são considerados como parte da população economicamente ativa. Solteiros, descasados ou viúvos, compartilham algumas necessidades comuns a quem vive sozinho.
 
Visite um supermercado e perceba que algumas marcas e redes, já se adaptaram a este novo filão. Embalagens individuais, porções menores, refeições saborosas e prontas que vão muito além da pizza e do frango assado. Conveniência, rapidez e praticidade são itens extremamente valorizados, trazendo oportunidades na área de serviços.
 
Lavar a roupa, efetuar pequenos reparos, levar o cachorro para passear, fazer compras e ginástica de madrugada. Empresários podem se aproveitar desta demanda, oferecendo soluções que facilitem a vida destes solitários. Serviços de leva & traz, passeador de cachorros, lava rápido, lavanderias, supermercados, padarias e academias 24 horas.
 
(b) Um país cada vez mais grisalho: o percentual de idosos, população com idade superior a 65 anos, já supera o de crianças de zero a quatro anos, comprovando a mudança do desenho da pirâmide etária. Apesar da melhoria na qualidade de vida, esta é uma etapa que requer alguns cuidados especiais.
 
Não obstante a descoberta deste mercado por alguns setores, a oferta de serviços e produtos é ainda incipiente, quando comparada com nações como Japão, Estados Unidos e Alemanha. As empresas e serviços em geral trabalham com a questão preço e promoção, adaptando o portfólio atual de produtos para atendê-los.
 
Alimentação mais equilibrada e balanceada, produtos com instruções mais legíveis, roupas e acessórios especialmente desenhados, trocadores mais espaçosos, vendedores e atendentes treinados são algumas das oportunidades que somam as já existentes: assistência médica domiciliar, fisioterapia, massagens, cursos de línguas e informática, universidades da melhor idade, empréstimos e viagens.
 
(c) 60 mil casais homossexuais: a capital portenha Buenos Aires, pode ser considerada um ótimo exemplo de exploração deste nicho de mercado. Sua vibrante vida noturna, a oferta de bares e restaurantes e a recepção de eventos têm feito com que mais de meio milhão de homossexuais a visitem anualmente, despejando uma quantidade significativa de dólares e euros. Em geral bem empregados e sem filhos, este exigente público costuma gastar em viagens, entretenimento e cultura. A cidade de São Paulo tem se beneficiado da já tradicional parada gay, a qual movimenta milhões de reais em seu circuito.
 
Desta maneira, sugiro que governantes, empresários e executivos passem a olhar com mais carinho os dados divulgados pelo IBGE, não apenas como manchete dos jornais, mas como informações de negócios; as quais cruzadas com outros dados secundários, pesquisas e o próprio conhecimento de mercado, podem trazer oportunidades importantes e interessantes, mesmo para quem a geografia nunca passou de mais uma matéria obrigatória nos bancos escolares.

Fonte: InformaMídia
Autor: Marcos Morita
Revisão e edição: André Lacasi

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