A decisão foi tomada, em conjunto, pelos sindicatos de aeronautas e aerovíários, para pressionar as companhias aéreas nas discussões sobre o reajuste salarial e a mudança da data-base.

A "operação-padrão", consiste em seguir de maneira rigorosa os procedimentos regulamentares, o que atrasaria a liberação de voos. Entre as instruções divulgadas pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), estão a recusa em mudar de escala e fazer horas extras, e a pesagem de todas as bagagens de mão.

Com isso, os trabalhadores pretendem evidenciar uma situação de sobrecarga de trabalho. Segundo o Sindicato Nacional de Aeronautas e o Sindicato Nacional de Aeroviários, a mudança no funcionamento deve durar até o próximo dia 8, data da próxima reunião entre as entidades sindicais e as empresas aéreas.

Impasses

As negociações começaram em novembro. O Sindicato Nacional de Empresas Aéreas (Snea) propôs um reajuste salarial que seguisse o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acumulado em 5,39% nos últimos 12 meses. Os funcionários, por sua vez, pedem reajustes entre 15% e 30%, alegando que os lucros das empresas de aviação foram bem maiores que a taxa de inflação.

Outro ponto de impasse diz respeito à mudança da data-base, quando os contratos coletivos são reavaliados e corrigidos. Pelo acordo atual, as discussões acontecem no mês de dezembro. Segundo Jorge Honório, do Snea, é inviável negociar durante a alta temporada. "Trabalho no setor há oito anos, e há oito anos ouço ameaças de greve, que nunca são cumpridas. O prejuízo, no fim, é pro consumidor", garante. A proposta das empresas aéreas é transferir a discussão para o mês de abril, para que as ameaças tenham menor poder de pressão.

Operação não surtiu efeito

Ao fim do primeiro dia, a mobilização ainda não gerou efeitos significativos. Segundo a assessoria da Infraero, até as 16h30 não havia registro de nenhum atraso ocasionado por "demora operacional". O órgão lembra, porém, que seus funcionários - denominados aeroportuários - não estão envolvidos no protesto.

A Gol lançou nota à imprensa, no final da tarde, confirmando a informação. No texto, a empresa diz que "suas operações seguem dentro da normalidade", e que deseja que as negociações prossigam pelo "caminho do diálogo e do bom senso".

Classes diferentes

Os trabalhadores de aviação dividem-se em três grupos: aeroviários, aeronautas e aeroportuários. Apenas os dois primeiros grupos estão envolvidos na operação de não-colaboração.

O termo aeronautas designa a equipe de tripulantes: pilotos, co-pilotos e comissários. Já os aeroviários trabalham em solo firme. É o caso dos mecânicos e da equipe responsável pelo check-in. Ambos os grupos são formados por funcionários de empresas de aviação, como Gol, Tam, Webjet e Avianca.

Os aeroportuários, por sua vez, são funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Incluem-se aqui os operadores da torre de controle e sinalizadores de pista, entre outros.