Em mais de duas décadas de confrontos com bandidos, dominar o Complexo do Alemão coloca a polícia e as Forças Armadas diante de seu maior desafio.

No meio da tarde, num dos acessos às favelas, um bandido se exibia com um fuzil. Ameaçava atirar, xingava os policiais e as equipes de reportagem. Ele não atirou, mas durante a sexta-feira, foram muitos os tiroteios na região.

A polícia reagiu. Além dos fuzileiros da Marinha e das equipes de elite das polícias Civil e Militar, a mobilização contra o tráfico ganhou um reforço importante nesta sexta-feira (26).

Mais de mil homens do Exército e da Polícia Federal chegaram ao bairro da Penha. Carros blindados e paraquedistas, formados para enfrentar guerrilhas. Foram recebidos com aplausos pela população.

Trezentos agentes federais também já começaram a entrar em ação, ocupando pontos estratégicos.

Os principais redutos do tráfico no Rio estão em áreas que dificultam o acesso da polícia. São morros, com muitas entradas e saídas. O conjunto do Alemão apresenta um desafio especial. Ele reúne 15 favelas, cercadas por cinco bairros da zona norte da cidade.

As favelas estão espalhadas em um milhão de metros quadrados de terreno bastante acidentado. No alemão também moram dezenas de traficantes que fugiram da vizinha Vila Cruzeiro, por estradinhas de terra. Um dos objetivos imediatos da operação é impedir que os bandidos consigam escapar mais uma vez e se refugiar em outras favelas da área.

O professor de Escola Superior de Guerra Gustavo Trompowsky diz o que a polícia vai encontrar lá dentro. “O alemão tem um componente arquitetônico muito mais de reentrâncias, vielas, uma seria de ruelas, de certa forma, mais difíceis de penetração do que a própria Vila Cruzeiro. Isso vai levar a polícia a ter a possibilidade de acesso até um determinado ponto e depois ela vai ter que percorrer isso a pé”.

A operação é coordenada pela Secretaria de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame que já definiu a estratégia da ocupação:

“Os desafios são vários e são difíceis porque aquela região ela está dominada por traficante e por uma facção de traficantes que tem uma ideologia de violência. Temos que ter muita estratégia, calma, planejamento, nós temos que ir consolidando os territórios aos poucos e temos que ter foco naquilo que se quer que é retirar armas e devolver esses territórios a seu verdadeiros donos que são os moradores desses locais”.