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Vencer ou vencer
   
     
 


25/04/2009

Vencer ou vencer
Para combater a crise, garantir a popularidade e fazer seu sucessor em 2010, presidente Lula abre o cofre

 

Em campanha no palanque do Fórum Econômico Mundial, Lula defendeu uma nova ordem econômica mundial. Antes, assumiu a candidatura de Dilma

Os dedos das duas mãos abertos em V não deixam dúvida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou duas opções diante de si e de seus auxiliares: vencer ou vencer. O gesto simbólico foi feito diante de cerca de 500 empresários, executivos, políticos, líderes do terceiro setor, religiosos e jornalistas de 35 países na abertura do Fórum Econômico Mundial América Latina 2009, na quarta-feira 15, no Rio de Janeiro. E o que ele significa? Lula está disposto a fazer tudo o que achar necessário para não deixar que a crise econômica mundial atrapalhe um glorioso fim do segundo mandato, com alta popularidade interna, status de líder internacional e - eis seu maior sonho - fazendo o sucessor.

No mesmo dia em que atacou o Estado mínimo e defendeu uma ordem econômica mundial mais humana diante da poderosa plateia do fórum, o presidente assumiu pela primeira vez em público que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é sua candidata em 2010. "Fazer a minha sucessão é uma tarefa gigantesca. Todos sabem que tenho a intenção de fazer com que a companheira Dilma seja a candidata do PT e dos partidos", afirmou em entrevista à Rádio Globo. Para que ninguém duvide de seu empenho nessa tarefa de Hércules, o presidente abriu um saco de bondades que parece não ter fundo. Na mesma quarta-feira, o governo anunciou a redução da meta de superávit primário de 3,8% para 2,5% do PIB (soma das riquezas geradas do país) em 2009. Isso significa, na prática, que mais de R$ 40 bilhões que antes eram economizados para o pagamento dos juros da dívida interna poderão ser gastos livremente. A maior fatia, de R$ 15 bilhões, será investida pela Petrobras, estatal que foi excluída do cálculo do superávit primário e é a principal ferramenta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tocado pela ministra Dilma.

CALÇADÃO: O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, aproveita para correr no Rio (acima), onde encontrou Lula e FHC

A justificativa para a medida é a queda na arrecadação de impostos após a crise mundial, que também freou o crescimento no País. No primeiro trimestre do ano, a Receita Federal arrecadou R$ 11,33 bilhões a menos em relação a igual período de 2008, no pior resultado desde 2003. Parte dessa queda foi causada por outras medidas do pacote anticrise de Lula: a redução de impostos para a compra de veículos e materiais de construção. O próximo setor a ser beneficiado com a redução tributária é o de eletrodomésticos. Ao abrir mão de receitas para incentivar os consumidores a irem às compras, Lula quer preservar empregos e reaquecer a economia, um dos principais pilares de sua popularidade recorde. Como ela está em queda (em março, a aprovação do presidente caiu de 84% para 76%, segundo a pesquisa CNT/ Sensus), Lula também decidiu abrir o cofre para os municípios e os Estados. Afinal, prefeitos e governadores felizes são imprescindíveis para o xadrez eleitoral de 2010.

No início da semana, o governo decidiu liberar R$ 1 bilhão ao longo do ano para os 5.500 municípios, compensando as perdas do Fundo de Participação dos Municípios no primeiro trimestre. A ideia é manter os repasses no mesmo nível de 2008, de R$ 51,3 bilhões, tirando a crise do cenário das prefeituras. "É este o valor mínimo que vamos assegurar", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na segunda- feira 13. "A prefeitura é por onde passa primeiro o problema da população", justificou Lula, no dia seguinte. Outra medida em estudo é reduzir os juros das dívidas municipais com o INSS. Para os governos estaduais, que também perderam repasses com a queda da atividade econômica, o governo vai abrir uma linha de financiamento dos bancos públicos federais. Lula escalou Dilma, Bernardo e Guido Mantega (Fazenda) para conversar com os governadores, numa negociação caso a caso.

Além de cuidar do quintal doméstico, o presidente brasileiro faz história ao mandar dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Brasil deve emprestar US$ 4,5 bilhões para o FMI, que em crises passadas sempre era chamado para socorrer o País. Na mais recente, no final de 1998 e início de 1999, o Brasil sacou mais de US$ 40 bilhões do fundo para poder honrar seus compromissos externos. Hoje, com reservas internacionais de mais de US$ 200 bilhões, Lula dá-se ao luxo de enviar dinheiro para a organização multilateral - que ele combateu durante toda a vida sindical, nos anos 80. "Passei 20 anos da minha vida carregando faixas e gritando na rua "Fora FMI", mas esses dias chamei o ministro da Fazenda e disse a ele: 'Vamos emprestar dinheiro para o FMI.' Não somos devedores, mas credores, com a condição de ajudar a economia dos países pobres e em desenvolvimento", afirmou Lula, na versão carioca do Fórum Econômico Mundial.

Ao jogar também para a plateia externa, o presidente brasileiro reforça sua posição de líder internacional, fortalecida na reunião do G-20 em Londres, no dia 2 de abril, e reconhecida no Rio pelo presidente e fundador do fórum, Klaus Schwab. "O senhor se transformou num verdadeiro estadista global", disse Schwab a Lula, que em seguida foi chamado de "amigo e conselheiro" pelo presidente da Colômbia, Alvaro Uribe. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou do fórum num painel sobre segurança e democracia (leia-se tráfico de drogas), não passou recibo ao sucessor. "O Brasil é um país muito relevante, é natural que seu presidente seja um líder respeitado", disse Cardoso à Istoé. Mas, como disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Lula "é o cara". Ambos se encontrariam no final de semana em Trinidad e Tobago, no Caribe, para a 5ª Reunião de Cúpula das Américas. Conciliador, o presidente brasileiro é tido como um aliado importantíssimo pelos Estados Unidos na região, já que transita bem entre os diversos países e tem boas relações com os dois presidentes que mais preocupam os empresários e investidores: Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia. Os dois são vistos como ameaças à democracia e ao investimento estrangeiro. "Há um cheiro de populismo no ar", disse o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga

"Fazer a minha sucessão é uma tarefa gigantesca"
Presidente Lula

A boa notícia é que o Brasil, na visão dos presentes ao fórum, descolou da América Latina e vai sair mais rápido da crise, como insistiram Lula e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "A crise  despasteurizou a América Latina", disse à Istoé o presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento. "O Brasil sai fortalecido. Tem melhorado constantemente seus fundamentos macroeconômicos, tem uma política estável. Isso é fruto e mérito do presidente Lula", afirmou o diretor do Itaú Unibanco para a América Latina, Ricardo Villela Marino. Se a política expansionista do governo neste momento de crise e em ano pré-eleitoral aumentar a confiança dos consumidores e empresários e não comprometer um dos pilares da estabilização econômica - a responsabilidade fiscal -, o Brasil deverá atrair mais investimentos estrangeiros do que seus grandes vizinhos latinoamericanos com problemas, como a Argentina e o México.

 

Fonte: Isto É
Autor: Milton Gamez
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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