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Paisagem natural da serra gaúcha pode ser tombada como patrimônio cultural do Brasil
   
     
 


29/10/2010

Paisagem natural da serra gaúcha pode ser tombada como patrimônio cultural do Brasil
Iphan propõe a preservação dos núcleos urbano e rural de Santa Tereza, que ainda mantém características da época da colonização

Uma cidadezinha, com menos de dois mil habitantes, cravada na serra gaúcha, região nordeste do Rio Grande do Sul, está prestes se tornar o mais novo bem protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Nos próximos dias 4 e 5 de novembro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural estará reunido no Rio de Janeiro e avaliará a proposta de Tombamento da Paisagem Urbana de Santa Tereza, apresentada pela superintendência do Instituto no estado.

Localizada às margens do Rio Taquari e do Arroio Marrecão, Santa Tereza conta cerca de 570 moradores que habitam as 250 casas do núcleo urbano. Os outros quase 1,5 mil habitantes moram na área rural, nos imóveis que ficam nas estradas pertencentes à antiga Linha Leopoldina da Colônia Dona Isabel. A partir de 1887, os lotes foram distribuídos entre os colonos. Desde essa época a cidade destaca-se pela diversidade e a alta produtividade da agricultura desenvolvida em terras consideradas as mais férteis do estado. Ainda hoje a comunidade tira o sustento da lavoura.

O núcleo urbano foi constituído anos depois da instalação das estradas rurais, acompanhando a alta produtividade e a necessidade de escoamento da produção. O vilarejo, que abrigava o porto e a sede paroquial, foi erguido em função do porto natural, já que o lugar era o último ponto navegável do Rio Taquari. Santa Tereza gozava de posição estratégica, considerada um dos principais núcleos produtores na década de 1950. A grande produção foi determinante na implantação da via férrea nas margens da pequena cidade, que recebeu uma vila ferroviária e a estação de Santa Tereza.

Atualmente, o município está dividido em duas regiões homogêneas, de acordo com suas características que determinam a produção agrícola. No Vale do Rio Taquari/Antas, colonizada por italianos e poloneses, onde dificilmente ocorre geadas, pode-se estender o plantio praticamente o ano todo. As culturas principais são do tomate, vagem, pimentão, pepino, abobrinha, alface, chicória, mandioca, batata doce e laranja. Na serra, a parte alta do município, há ocorrência de geada e a cultura principal é da uva. A região conta com 13 comunidades, colonizadas, principalmente, por imigrantes italianos.

A paisagem cultural em Santa Tereza

No Rio Grande do Sul, o desenho urbano dos núcleos coloniais italianos mantém a regularidade do traçado quadricular. As edificações também revelam as características da arquitetura ítalo-brasileira no sul do Brasil, com os sobrados de madeira e as casas de alvenaria com embasamento em pedra, existência de porões para o armazenamento do vinho e outros produtos coloniais.

Entre os núcleos gaúchos, Santa Tereza é o mais singelo e também o mais íntegro do ponto de vista da ocupação urbana já que mantém quase intactas as características originais do seu traçado. Isso se deu, principalmente, em função de dois fatores. Um deles é o fato de a maior planície do lugar ser limitada pelos cursos d’água e pelas montanhas. A perda da importância econômica foi o segundo fator. Com o crescimento das rodovias, na década de 1970, as ferrovias foram excluídas do processo de distribuição de mercadoria e Santa Tereza viu-se praticamente isolada dos grandes centros. As duas grandes rodovias mais próximas ficam a mais de 50 quilômetros de distância e a única via de ligação existente é, ainda, a antiga estrada que ia até o núcleo principal da Colônia Dona Isabel, hoje centro de Bento Gonçalves.

A arquitetura urbana das casas e sobrados mais antigos de Santa Tereza, implementada a partir do início do século XX, possui influencia neoclássica e eclética. A superintendência do Iphan-RS inventariou 47 casas do núcleo urbano em função do alto grau de interesse histórico e cultural. Elas representam um conjunto expressivo da arquitetura urbana ítalo-brasileira sendo que grande maioria permanece conservada até hoje, com destaque para os sobrados de madeira - como a Casa da Família Miele e a Antiga Fábrica de Gaitas -, as casas de madeira com fachada frontal de alvenaria e as construções de alvenaria rebocada com arranjos formais neoclássicos. Outra característica marcante é o alteamento do solo por causa da ameaça de inundação da área urbana pelas cheias do Taquari. Um dos mais conhecidos é a sede da Prefeitura Municipal, além do Antigo Hotel Central, a Casa Comercial da Família Prezzi, a Casa Comercial da Família Lahude, a Antiga Fábrica de Bebidas, a Antiga Escola e Casa do Professor, além do Antigo Hospital – ou Casa Picinini.

A proposta de tombamento pelo Iphan

Com base no traçado urbano preservado, no acervo arquitetônico, na paisagem rural do município e na riqueza de todo o patrimônio cultural, incluindo as manifestações culturais como dialetos, culinária, músicas típicas, entre outras, o Iphan apresentou parecer favorável à proteção federal para Santa Tereza. A proposta para o polígono de tombamento tem como base o traçado urbano, consolidado até a década de 1960 e que permanece original, incluindo o leito da ferrovia até a antiga estação ferroviária, uma porção do leito do Rio Taquari, além do leito do Arroio Marrecão e lotes adjacentes que configuram o arranjo urbano da cidade. A área de entorno proposta pelo Iphan visa a garantir a paisagem local, especialmente a relação do núcleo urbano com as montanhas, para manter a qualidade do ambiente e a relação do sítio histórico com o meio natural.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

A reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural será nos próximos dias 4 e 5 novembro, no Salão Portinari, que fica no Palácio Gustavo Capanema, sede do Iphan no Rio de Janeiro. O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro, presidido pelo presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros de instituições como Ministério do Turismo, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Ministério da Educação, Sociedade Brasileira de Antropologia e Instituto Brasileiro de Museus – Ibram e da sociedade civil.

Além da paisagem natural de Santa Tereza, fazem parte da pauta da reunião do Conselho Consultivo a proposta de registro como Patrimônio Cultural do Brasil o Ritual Yaokwa dos povos Enawene Nawe, no Mato Grosso, e os sistemas agrícolas do Alto Rio Negro, no Amazonas. Os conselheiros avaliarão também a possibilidade de tombamento para o sítio histórico de São Félix, na Bahia, do Monumento aos Mortos, na cidade do Rio de Janeiro, e do Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões, no Amazonas.

Fonte: Iphan
Autor: Imprensa
Revisão e edição: André Lacasi

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