Diante de uma platéria de executivos do setor de telecomunicações, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, lembrou os avanços ocorridos no país em seus quase 80 anos de vida. Sobre o setor, disse que o Brasil vive o momento da convergência tecnológica, da conectividade. "Só posso ter confiança no futuro", afirmou.

Porém, Fernando Henrique Cardoso guardou o tom mais áspero para a atual postura do governo, quando lembrou um amigo que conheceu na França e escreveu um livro sobre "Comunicação e Poder". Segundo ele, a comunicação tem de ser "democrática". "É preciso termos uma agência de Estado e não de Governo", disse FHC sobre o papel a ser desempenhado pela Anatel.

Fernando Henrique afirmou que o país avançou nos últimos anos, que os fundamentos econômicos mostram que o Brasil cresceu e continuará crescendo sem riscos de retrocessos na economia. "Nós estamos entrando hoje nesse momento auspicioso", destacou.

"O nosso produto interno bruto (PIB) vai crescer, nosso problema não é mais este. Nós temos que construir uma sociedade decente", disparou o ex-presidente da República.

Anfitrião

As críticas de Fernando Henrique Cardoso ao atual governo, em nenhum momento tocado diretamente por ele em seu discurso, foram precedidas pelas do presidente da Provisuale - empresa organizadora do Futurecom - Laudálio Veiga Filho. O executivo cobrou um planejamento maior de longo prazo para o país, sobretudo em políticas de Educação. Isto, segundo ele, não vem ocorrendo porque os governos planejam o país em função do tamanho de seus mandatos.

Laudálio Veiga foi quem deu a deixa para Fernando Henrique Cardoso atacar a questão da crise de ética que o país estaria vivendo. Disse que o País tem vivido uma "ditadura branca" e que "a democracia tem sido desvirtuada por meio do uso continuado de procedimentos não ortodoxos para a conquista dos votos dos menos favorecidos."

A abertura do Futurecom 2010 contou com a presença de políticos ligados ao PSDB e foi marcada pela quase total ausência do PT. O Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, também participou da solenidade.

Da parte do governo, apenas o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, e o Secretário de Telecomunicações, Roberto Pinto Martins, que representou o ministro das Comunicações, José Filardi, estiveram presentes. Porém, nenhum dos dois se viu na obrigação de defender o governo ou pelo menos tentar equilibrar o clima de debate eleitoral criado durante o evento, embora os nomes dos candidatos à presidência não tenham sido diretamente citados ao longo da cerimônia.

A CDTV do portal Convergência Digital acompanhou os dois discursos de conteúdo fortemente político que marcaram a abertura desta Futurecom 2010. Assistam.