O governo federal enviou para mais de 11 mil escolas públicas do Brasil um livro que narra o sequestro de um casal de namorados, seguido do estupro da garota e do assassinato do rapaz. Chamado Teresa, que Esperava as Uvas, o texto seguiu para bibliotecas de ensino médio em todo o país.
A obra faz parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola e estava sendo avaliado também pela Secretaria da Educação de São Paulo, que poderia adotá-lo em sua rede pública. O MEC (Ministério da Educação) afirma que a violência narrada em um dos contos do livro - Os Primeiros que Chegaram - não é nada além do que "estamos acostumados a ver, inúmeras vezes, nos jornais".
A opinião abaixo consta em uma nota oficial enviada aos veículos de comunicação pela SEB (Secretaria da Educação Básica do ministério).
- Os alunos do ensino médio já têm uma formação intelecual que lhes permite refletir sobre a banalidade da vida a que estamos expostos cotidianamente, e essa é a proposta do conto.
O livro afirma que o casal foi torturado e há frases como "arriou as calças dela, levantou a blusa e comeu ela duas vezes". Outra passagem afirma que "[o criminoso] deu um tiro no olho dele [do rapaz]. (...) Ele ficou lá meio pendurado, com um furo na cabeça". Todos os trechos foram mencionados inicialmente pela Folha de S.Paulo.
A Geração Editorial, empresa responsável pela obra, afirma que ela foi premiada sete vezes e que sua apresentação foi escrita por Luiz Fernando Veríssimo.
O ministério ressalta, ainda, que a escolha do livro passou por critérios rigorosos de avaliação, como qualidade literária e adequação ao público. O processo de escolha foi realizado por um núcleo da UFMG (Universidade de Minas Gerais), sob a coordenação de especialistas de educação com apoio de uma equipe do MEC.
São Paulo
Neste mês, o governo de São Paulo foi criticado por distribuir um livro em que há uma cena de sexo - o trecho em questão é obra do escritor Ignácio de Loyola Brandão. No ano passado, a Secretaria da Educação paulista recolheu obras que continham palavrões e seriam usadas por alunos de nove anos da rede pública.